segunda-feira, 13 de junho de 2016

Os Pensadores Jônios

O Mundo Grego

Foi na Jônia que se efetuaram os primeiros esforços de caráter completamente racional para descrever a natureza do mundo. Aí, a prosperidade material e as excepcionais oportunidades para estabelecer contatos com outras culturas - por exemplo, com Sardes, por terra, e com o Ponto e o Egito, por mar - aliaram-se, pelo menos durante algum tempo, a uma forte tradição cultural e literária que vinha do tempo de Homero. No espaço de um século, Mileto viu nascer, Tales, Anaximandro e Anaxímenes, todos eles dominados pela assunção de uma substância primária simples, cuja determinação foi o passo mais importante em qualquer das descrições sistemáticas da realidade. Esta atitude foi claramente um desenvolvimento da tentativa genética ou genealógica para explicar a natureza, exemplificada pela Teogonia de Hesíodo. Contudo, depois dos grandes Milésios, essa atitude abrandou ou foi mesmo abandonada. Xenófanes é aqui tratado entre os Jônios, mas de fato ele não se enquadra com nenhuma categoria geral. Nascido e criado em Cólofon, e inteiramente a par das ideias dos Jônios (aparentemente mais até do que Pitágoras), transferiu-se para a Grécia ocidental e só eventualmente se interessou pelos pormenores da cosmogonia e da cosmologia. Em Éfeso, entretanto, o individualista Heráclito transpôs os limites do monismo material, e, mantendo embora a ideia de uma substância básica (se bem que não cosmogônica), descobriu a unidade mais significativa das coisas na sua estrutura ou disposição. É nisto que reside o paralelismo com as teorias pitagóricas do ocidente do mundo grego. Pitágoras e (um pouco depois dele) Parmênides foram pensadores influentes, e durante algum tempo as escolas ocidentais tiveram a maior importância; mas o monismo materialista jônio voltou a afirmar-se, até certo ponto, nos compromissos de alguns dos sistemas pós-parmenidianos.