sexta-feira, 1 de julho de 2016

Anaxímenes de Mileto



O Ar em Anaxímenes

O ar é a substância originadora e a forma básica da matéria; muda por condensação e rarefação

Aristóteles Met. Anaxímenes e Diógenes fazem do ar, e não da água, o principio material entre os demais corpos simples. 


Teofrasto ap. Simplicium in Phys. Anaxímenes de Mileto, filho de Euristrato, que foi companheiro de Anaximandro, diz ainda, tal como este, que a natureza subjacente é una e infinita, mas não indefinida, como afirmou Anaximandro, mas definida, porquanto a identifica com o ar; e que ela difere na sua natureza substancial pelo grau de rarefação e de densidade. Ao tornar-se mais sutil transforma-se em fogo, ao tornar-se mais densa transforma-se em vento, depois em nuvem, depois (quando ainda mais densa) em água, depois em terra, depois em pedras; e tudo o mais provém destas substâncias. Ele admite também o movimento perpétuo, e que é também através dele que se verifica a mudança. 

Hipólito Anaxímenes ... disse que o ar infinito era o principio, do qual provêm todas as coisas que estão a gerar-se, e que existem, e que hão de existir, e os deuses e as coisas divinas, e o resto proveniente dos seres por ele produzidos. A forma do ar é a seguinte: quando ele é muito igual, é invisível a vista, mas é revelado pelo frio e pelo calor e pela umidade e pelo movimento. O ar está sempre em movimento: é que as coisas que mudam, não mudam a menos que haja movimento. Com o aumento da densidade ou da rarefação, o ar toma diferentes aspectos; pois, quando se dissolve no que é mais sutil, torna-se fogo, ao passo que os ventos são, por sua vez, ar condensado, e a nuvem é produzida a partir do ar por compressão. Quando se condensa ainda mais, produz-se a água; com um maior grau de condensação produz-se a terra, e quando condensado ao mais alto grau, as pedras. Donde resulta que os componentes com maior influencia na geração são contrários, a saber, o calor e o frio. 
Para Anaxímenes, a substância originadora era explicitamente a forma básica da matéria do mundo diferenciado, visto ele ter concebido um processo segundo o qual essa substância podia converter-se noutros componentes do mundo, como mar ou terra, sem perder a sua própria natureza. Tratava-se simplesmente da sua condensação ou rarefação isto é, da alteração da sua aparência conforme a quantidade que dela havia num determinado lugar. Esta ideia ia ao encontro da objeção que Anaximandro pode bem ter sentido contra a água de Tales, e que o encorajou a postular uma matéria originadora indefinida. Para Anaxímenes, o ar era, também, indefinidamente vasto em extensão rodeava todas as coisas, e foi, assim, descrito como ápeiron infinito, por Teofrasto. O que ele entendia exatamente por ar, é discutível. «Ar» em Homero, e por vezes na prosa jônica tardia, significava «bruma», algo de visível e que produzia obscuridade; e a cosmogonia de Anaximandro incluía uma bruma úmida, parte da qual congelou para formar uma espécie lodosa de terra. Anaxímenes disse provavelmente que todas as coisas estavam rodeadas de «vento (ou sopro) e ar», e que a alma 
estava aparentada com este ar; o que sugere que para não era bruma, mas, como supunha Hipólito, o ar atmosférico invisível. Isto é confirmado pelo fato de ele ter manifestamente descrito os ventos como uma forma de ar ligeiramente condensada.